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EXERCÍCIOS DO ENCANTAMENTO E DA PAIXÃO - Chico


As conversas com meus orientados são frequentes e não se restringem a temas técnicos. Um dia desses, na hora do lanche da tarde, falávamos a respeito de encontros e não encontros. Veio a pergunta:
“Professor, o que seria encantamento?”

Tentei articular algo convincente: “A percepção da presença de alguém com quem de imediato você terá vontade de dividir sua história e suas expectativas, sabendo que será uma experiência inesquecível. Uma pessoa cujo modo de expressar vai fazer você convencido de que desde sempre a conheceu. Você vai se lembrar do lugar em que a viu pela primeira vez, da hora, do que estava acontecendo. E também da cor dos olhos, do modo como os cabelos estavam arrumados, do tom da voz. E usará todos os meios disponíveis para, de algum modo...”

Neste instante fui interrompido por outra pergunta:
“Professor, qual é a diferença entre encantamento e paixão?”.
Esta foi mais complexa, pensei. Alguns instantes para refletir. Ainda outros. “Bem...quando você se encantar por alguém e quando se apaixonar, vai saber claramente a diferença”.

A conversa parou por aí. Pareceu que todos se certificaram de que não era preciso continuar.

EXERCÍCIOS DO ENCANTAMENTO (E DA PAIXÃO)

Embora há muito reconhecidos os sons,
A música foi renovando seus timbres
Para agrupá-los em alternativos acordes
E pausas.

Aguçados os ouvidos, acariciados os temas,
Trabalhou-se a permeabilidade das notas
Para cristalizá-las em lúdicos intuitos
E segredos.

Agregaram-se palavras em íntima sintonia
Com o ritmo renovado dos versos
Para alinhavá-los em tácitas mensagens
E revelações.

São inevitáveis os exercícios do encantamento
E da paixão.




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