SEMBLANTES
Os semblantes trazem consigo reflexos de histórias que, muitas
vezes, não podem ser plenamente transcritas em palavras.
Semblantes têm a prerrogativa de transmitir, em seus traços, sínteses de
experiências vivenciadas, de verdades silenciadas e, também, de tantos
sentimentos que se revelam, quase sempre de um modo indisfarçável.
Um jeito de olhar pode transparecer segredos profundos, uma expressão
espontânea pode anunciar ansiedade, um sorriso pode esconder a
inquietude de um coração vulnerável.
Semblantes são como atos involuntários de coragem que evidenciam com
sutileza e intensidade o que, em vão, se imagina ser possível blindar da
própria essência. Ao mesmo tempo, fazem cintilar indícios cotidianos de
expectativas, intenções, fantasias. E até das mais singelas ou das mais
impactantes realizações.
Semblantes são confissões que libertam ou denunciam. Confissões que somente permitem
ser decifradas por olhares atentos e compreensivos, porém irão se dissolver no
vazio de olhares insensíveis e evasivos.
No curso da vida transitamos entre semblantes que rompem silêncios e
reverberam os mais diversos sintomas que emergem da alma.
Algumas vezes reconhecemos uma parcela essencial de nós mesmos na
face que, de um momento para outro, passa a integrar o íntimo de nossa
história, face da qual desejamos (mas nem sempre conseguimos) estar
permanentemente ao lado.
Talvez seja mesmo nestas circunstâncias que nos confrontamos com a
misteriosa e almejada sensação daquilo que chamamos felicidade.
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