Houve um prolongado período em que meu cotidiano era muito diferente. Lembro-me que, das cinco às seis da manhã, permanecia deitado com olhos semicerrados esperando, inquieto e pensativo, os minutos transcorrerem em seu meticuloso ritmo. Depois, a roupa do dia, a água acariciando as mãos e o rosto, a toalha, o café com leite (pouco açúcar), o pãozinho com manteiga. Depois sem manteiga. Às pressas, uma fruta ou um pedaço dela. Voltava à água e às escovas, de dentes e de cabelos (poucos cabelos desde então), à desatenta conferência ante o espelho. E tudo se iniciava, porta afora, escola adentro. Assim caminhavam os dias, diligentes e com suas aparentes novidades, que mais seduziam do que permitiam atentar à sua frenética pulsação. No início da noite, com as aulas ministradas, desenvolvidas as dissertações e teses, completadas as tarefas administrativas, as horas quase sempre pareciam ocultar seu destino e os dias se despediam, sem retorno, nas constantes interrogações p
Doses de palavras em textos e poemas!