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Mostrando postagens de junho, 2014

VIAGENS: PRIMEIRO CAPÍTULO - Chico

A vida é feita em capítulos. E não há escritor que invente histórias com a riqueza de detalhes com que a vida constrói sua narrativa. Em três dias-capítulos espero contar uma história que considero plausível. Terá ela realmente ocorrido ?  Algum dia será realidade ? Alguém poderá dizer: “Vivi algo parecido!” e serei levado a acreditar. Afinal: o que seria de nós sem os surpreendentes enredos que a vida nos propõe ? Deixo o convite para que você me acompanhe nestas VIAGENS Segunda-feira, 23 horas . A casa estava quase em silêncio, como todos os dias a esta hora. Apenas calmas canções preenchiam seus espaços noturnos e o caminho dos sonhos era trilhado por aquele que vinha se encantando com as mesmas lembranças, nos últimos meses. Apenas um encontro e a vida havia recuperado as razões e os motivos, tão necessários quando outros motivos e razões pareciam prosseguir em suas rotas de gradativa dissipação. Apenas um encontro, meses atrás, num lugar não planejado. Apenas um

ANA LUÍSA - Maria Cristina

Coisas são só coisas, assim como dias são só dias. O que seria, por exemplo, do dia 23 de abril, se ninguém desse a ele um significado? As coisas e os dias passam a ter sentido a partir do momento que significam algo pra nós. E foi assim, com um lindo presente, que o dia 01 de junho passou a ser especial pra mim.  Hoje não é mais dia 01, mas o mês é junho. Seguimos com as comemorações. Prezado leitor: este texto foi escrito (numa raríssima noite de insônia) para minha irmã Ana Luísa. Caso você não seja ela, não tente decifrar todas as linhas. Existem coisas que apenas nós – e quem faz parte de nós – podemos compreender. Apesar de termos saído da mesma barriga, eu e ela somos muito diferentes. Como a água e o vinho ou como o sol e a lua, como dizem por aí. Ainda assim, compartilhamos uma ou outra ideia, incontáveis alegrias, algumas poucas (e boas) preocupações e muitas, muitas histórias para contar. Eu rosa – Ela azul Eu lápis de cor – Ela carrinho de controle re

AMORAS: O SABOR DE MINHA ALEGRIA - Chico

O início da primavera traz consigo, Entre as incontáveis nuances do verde, Algumas formações de roxa coloração, Sabor inconfundível e peculiar textura. Tais frutas brotam, sistemáticas, Somente nesta época do ano, Recheiam de cor os meus olhos, Saciam a sede de minha expectativa. Isto não é de agora, vem de longe, Como convém às pequenas coisas Que ocupam lugar cativo na vida E ali permanecem, inabaláveis. As amoras assinalam minhas primazias, A predileção de meu paladar pelo silvestre, Porém, no fundo, fazem bem mais que isto: Marcam, afetuosas, o passo de minha história.

FOTOGRAFIAS SOBRE O CRIADO-MUDO - Chico

FOTOGRAFIAS SOBRE O CRIADO-MUDO Alguém que já partiu Mas logo estará de regresso, Hoje ou no ano que vem; Alguém que não voltará Mas estará na lembrança Até bem depois de amanhã; Alguém bem distante, Alguém tão amado, Alguém tão sonhado, Alguém tão ao lado, Alguém que se espera, Alguém de verdade, Alguém para sempre. As fotografias sobre o criado-mudo Falam mais que as palavras declaradas Na doce amarga ilusão da presença de vida.

OS SABORES DA ALEGRIA - Maria Cristina

OS SABORES DA ALEGRIA Quem me conhece, provavelmente já sabe: tenho imensa facilidade em admirar aromas e sabores. Como gosto da cozinha... (e de tudo que há lá dentro!). Mamãe sempre gostou de cozinhar pra mim. De abobrinha a bacalhau, um elogio após a primeira garfada é quase sempre inevitável. (Talvez melhor que cozinhar pra mim seja me manter de barriguinha cheia: não sou, e nunca fui, uma companhia bem humorada quando estou com fome). Em todas as minhas conquistas, ou nos momentos de felicidade, as comemorações são gastronômicas. Nas dores, os sabores me consolam e assim seguimos numa união que sempre deu certo (mas tem sempre a balança pra atrapalhar!). Na mesa (claro), num dia desses, enquanto eu digeria meus dissabores, pensei em quão bom seria se os sentimentos tivessem sabor. Que gosto eles teriam? As paixões, imaginei, seriam quentes e picantes; As tristezas, obviamente, intragavelmente azedas; Os desencontros, me parece, combinariam com o am

MELODIA - Chico

MELODIA   Sempre desejei, nas horas crepusculares, A suave companhia de um pássaro amigo Trazendo melodias para encantar meus ouvidos; Pouco eu saberia de sua procedência e de seu futuro, Nem ele saberia de minhas inquietações e dores, Mas me levaria a entender o presente de minha vida Enquanto estivesse comigo nos finais das tardes, Nas horas crepusculares, este pássaro amigo. Às vezes, talvez, viesse com um pequeno atraso, As chuvas de verão ou os ventos das montanhas Poderiam redimensionar sua percepção de tempo, Mas logo, logo, chegaria, antes da noite, Festejando mais uma história de conquista, Traria canções tão doces, tão nossas, Que deixaria em mim a delicada impressão De ouvir minha própria alma celebrando.

RECORDAÇÕES DE HOJE - Chico

Tantos não estavam mais onde precisávamos. Sentíamos muito, embora as chamas da esperança se renovassem em estratégicos poemas e canções: as reformuladas tentativas de convencer  os incautos de que beleza gerada pela liberdade das asas deveria conduzir os voos. Para cada refrão equivocado, mil mortes sem razão aparente. A insistência até que a voz ficasse rouca marcou os homens e mulheres desse tempo. Depois, chegou o dia, o dia esperado por todos os que se atreveram a esta esperança. E, quando outras surpresas eram necessárias e urgentes, prevaleceu a surpresa de não se dividir nem se entregar o amor. Assim, a essência do projetado instante ainda permanece manhã sem cor. Apenas alguns poucos parecem não ter se esquecido do pacto articulado naquelas noites,  quando se resistia enquanto se sonhava com um novo tempo de amor.

MARIA CRISTINA - Chico

Amor de pai é paradoxal: embora infinito, está sempre em fase de expansão, se completando a cada dia, se renovando a cada encontro. Entretanto... do primeiro poema dedicado a gente sempre se lembra. Tudo continua válido como se tivesse sido escrito ontem. MARIA CRISTINA Ainda não completei a confissão Que necessito ouças de meus lábios No tempo de tua permanência a meu lado, Na época de tua inocência tão espontânea, Dourada mensagem de verdade e apreço. Ainda me causas sensações de primeira vez Porque chegaste antes do entendimento Fazer-se incontestável, dependente de ti, À moda das coisas que parecem ter existido No constante sempre que tu me inspiras. Ainda és como se meu mundo principiasse Na direção da tua sublimidade, umedecida Com as lágrimas que choras e fazes secar Nos embates que travas entre tua herança E teu destino, tua pressa e tua suavidade. Ainda personificas vitória e revelação Expostas em cenários cristalinos, d

RESPOSTA - Maria Cristina

Faz quase 30 anos daquela noite fatídica. Numa das CENTENAS de discussões que já tivemos nessa vida, papai (o Chico – o outro autor desse blog) me fez uma pergunta. Eu só tinha quatro anos, mas nunca esqueci nem nunca esquecerei aquela perturbadora questão. Prometi pra esse meu "velho" pai que colaboraria com pequenas histórias, caso ele se dispusesse a criar, e alimentar, um blog. Hoje esse blog nasceu e achei que não haveria nada mais apropriado pra esta primeira contribuição que a resposta à pergunta feita há três décadas: " O que você espera da vida? " Enfim, foi essa resposta que consegui elaborar: Espero dias claros e quentes; Espero ter curiosidade pra descobrir o que existe atrás da montanha; Espero ir... e ter sempre pra onde e, principalmente, pra quem voltar; Espero goiabas maduras, mangas coquinho,  melancias inteiras; Espero que uvas doces se  transformem em deliciosos Carménères, sempre em boa companhia; Espero as bolachinh

PROPÓSITO - Chico

É atrevimento do tempo desafiar os traços dos rostos e franzi-los, expressando poder e determinação. Será determinação dos traços dos rostos provocar as rugas do tempo, numa demonstração de ousadia e poder. Talvez o convívio pacífico entre atrevimentos e ousadias, enquanto houver tempo, se constitua na mais complexa disputa de poder entre os traços e as rugas. Enquanto isto se passa, dissolvem-se em pequenas doses o tempo, os traços, as rugas, a determinação, o poder, o atrevimento, a ousadia. O espelho, impassível, se faz testemunha e reflexo, não por ousadia ou atrevimento, mas por poder e determinação. Diante do espelho as sucessivas gerações se revezam na busca da compreensão dos encargos cotidianos e da interpretação de suas mensagens. Neste espaço, farei as minhas tentativas neste sentido, ao lado da Maria Cristina, uma das inesquecíveis companheiras na aventura de minha vida.

DOSES - Chico

Doses Partes de diferentes origens e intuitos Buscando a sistemática recomposição do todo; Fragmentos mais simples, ou nem tanto, Atrevendo-se a superar restrições.  Em muitos casos, o desafio da transformação: Passagens cotidianas assumem várias tonalidades, Mas somente uma acabará prevalecendo Para cumprir sua terna missão de presença. Palavras e poemas: doses irredutíveis de mensagens, São como sólidos desígnios de afinidades e apegos,  Encontros marcados entre realidade e imaginação, Pedaços de vida compondo o destino e suas surpresas.