Pular para o conteúdo principal

OS SABORES DA ALEGRIA - Maria Cristina

OS SABORES DA ALEGRIA


Quem me conhece, provavelmente já sabe: tenho imensa facilidade em admirar aromas e sabores. Como gosto da cozinha... (e de tudo que há lá dentro!).

Mamãe sempre gostou de cozinhar pra mim. De abobrinha a bacalhau, um elogio após a primeira garfada é quase sempre inevitável. (Talvez melhor que cozinhar pra mim seja me manter de barriguinha cheia: não sou, e nunca fui, uma companhia bem humorada quando estou com fome).

Em todas as minhas conquistas, ou nos momentos de felicidade, as comemorações são gastronômicas. Nas dores, os sabores me consolam e assim seguimos numa união que sempre deu certo (mas tem sempre a balança pra atrapalhar!).

Na mesa (claro), num dia desses, enquanto eu digeria meus dissabores, pensei em quão bom seria se os sentimentos tivessem sabor. Que gosto eles teriam?

As paixões, imaginei, seriam quentes e picantes;

As tristezas, obviamente, intragavelmente azedas;

Os desencontros, me parece, combinariam com o amargor;

A indiferença, coitada, seria servida sem sal;
(Ah, e a saudade seria aquela jujuba azul, sabor anis (ECA!) que ninguém quer e fica sobrando no pacote).

Mas e as alegrias? Essas, certamente, seriam doces. Doces alegrias!

Recordações da infância: sabor brigadeiro;

Família reunida em volta da mesa (minha torta preferida): sabor amendoim com doce de leite;

Que tal encontros sabor suspiro? E as boas recordações sabor chocolate (ao leite)?

Os amigos por perto teriam sabor de bolo de banana (canela poderia ou não ser servida à parte);

A alegria que vem com um grande amor: fácil! Cheesecake com calda morna de goiabada (o clássico Romeu e Julieta – nada melhor!);

A alegria de um emprego novo ou de uma promoção: merengue de morango;

Passar no vestibular (ou quase passar no concurso) teria sabor de sorvete de frutas vermelhas;

E aquela alegria de professor(a) ao ver uma sala cheia de alunos interessados? Sabor pão de mel;
(Ver o Brasil ganhando essa copa em casa terá sabor de cocada! Uhhhh...)

Com todas essas alegrias saborosas, desconfio, segunda-feira começo a dieta!

Qual o sabor da sua alegria?


Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

BÉSAME

  BÉSAME (ouça https://www.youtube.com/watch?v=TUVM4WdXMLs enquanto faz a leitura)   Durante muitos anos, Paulo foi profissional da música, cantando em restaurantes, bailes e outras festas. Gostava destes trabalhos. Porém, por causa deles, raras vezes teve a oportunidade de dançar, nos moldes românticos ainda viáveis naquele final da década de 1980. Para ele, dançar era um ato de magia, bem mais que o simples compartilhar de mãos, movimentos e expectativas. Esta era sua percepção e acreditava nela apenas se houvesse alguma cumplicidade entre os envolvidos. Entretanto, sempre há os dias em que algo inesperado acontece. Havia um clube, em sua cidade, que programava as chamadas Noites Temáticas. Num sábado sem trabalho, foi à boate. Decoração como convém, luzes contidas, músicas falando dos diversos tipos de amor: boleros e outros ritmos do gênero. Os passeios de sempre pela penumbra do salão e, de repente, Paulo encontrou uma linda mulher, de pele e cabelos morenos, olhar acast

ALGUNS VERSOS SINGELOS

  Imagem:@hertezpuggina ALGUNS VERSOS SINGELOS   Por alguns versos singelos, Sem rimas (elas não são essenciais para mim) Lá se foram algumas horas de minha vida.   Espero que alguém os leia, em algum lugar, Em algum momento, em alguma circunstância, Em algum fim de tarde despretensioso.   Ou... que o tempo os conduza Num vento bem suave, mas preciso, Para que encontrem seu pouso sereno Num coração acolhedor E ali habitem para sempre.

AQUELA PRAÇA

O encontro naquela praça foi inesquecível. O horário não se mostrou importante. Não houve fogos de artifício, nenhuma canção podia ser ouvida no instante em que as vozes e os olhares se cruzaram – curiosos e envolvidos – naquele lugar que se tornou referência e, ao mesmo tempo, um misto de saudade e resignação. Os canteiros floridos ao redor e as calçadas ligeiramente sinuosas confirmavam que o momento era verdadeiro, um momento que seria a demonstração de que a realidade da vida podia apresentar tonalidades de paz, euforia e encanto. Era o início de um tempo que viria a ser surpreendente. Em doses pacíficas e gradativas. Ainda um pouco e seria possível rever as amoreiras florirem, os granitos espelharem o brilho do sol. Seria possível desfrutar as imagens elevadas do mar, das ondas que arrebentariam em praias serenas e da espuma que carregaria consigo eventos imemoriais. Seria possível ouvir as antigas e as novas canções, agora revestidas de arranjos intensos, teclados e sop