Alguém
teria dito, um dia desses, que tudo o que as mãos levam ao papel são traços de
páginas já vividas que, insistentes, permanecem no imaginário de nossos
sentidos e, irreverentes, se manifestam quando bem desejarem, sem prévio
anúncio e sem censura.
Somos
a soma dos vestígios que absorvemos ao longo de nossos passos, em nossos
caminhos. Em geral são muitos, todavia alguns exemplos são mais tangíveis.
As
imagens, mesmo que imprecisas, das primeiras companhias e das primeiras esperanças,
acalentadas num tempo que ainda nem era possível compreender o real significado
desses termos.
As
pessoas, aparentemente insubstituíveis, que, pelos mais diversos motivos,
saíram de nosso convívio e de quem quase nada mais soubemos. Talvez nem nos lembremos
dos instantes nos quais trocamos as palavras que viriam a ser as derradeiras de
nossas relações.
As
impressões daqueles que atravessaram conosco os diferenciados instantes de
serenidade ou amargura; que navegaram ao nosso lado as ondas de todas as
dimensões, origens e destinos: nossas referências mais seguras de afeto e
ternura.
Também
existem as paixões guardadas em pretenso segredo durante semanas, meses,
desfeitas não se sabe como, provavelmente quando novos apegos surgiram sem
convite nem explicação e mudaram os rumos dos nossos corações.
Quantos
amores permitimos que marcassem nossa permanência ou nossa passagem por eles,
com sinais mais intensos ou mais singelos de sua realidade?
Ah...
e os afetos tardios? Vindos de repente, sem razões manifestas, se instalaram em
nosso cotidiano como a demonstrar que nosso domínio sobre os fatos e suas
decorrências é mais tênue do que nossa imaginação pode projetar.
Tudo
o que permaneceu em nós representa os vestígios do que nos transformou naquilo
que efetivamente somos, como eternos cultivadores ou sonhadores a respeito da
felicidade definitiva.
Mas...
se tantos e tantas nos marcaram, cabe examinar como estamos conduzindo nossos
passos e, assim, perguntarmos a nós mesmos: quais as marcas que estamos
deixando naqueles que caminham conosco?
Quanta história tem uma pessoa que quase viveu um século tem a nos contar?
ResponderExcluirDúvida cruel, quais marcas deixamos nos caminhos dos outros, nem sempre saberemos, ainda que sempre tentamos fazer o melhor para que a pessoa tenha uma boa convivência conosco.