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Mostrando postagens de 2023

AQUELA PRAÇA

O encontro naquela praça foi inesquecível. O horário não se mostrou importante. Não houve fogos de artifício, nenhuma canção podia ser ouvida no instante em que as vozes e os olhares se cruzaram – curiosos e envolvidos – naquele lugar que se tornou referência e, ao mesmo tempo, um misto de saudade e resignação. Os canteiros floridos ao redor e as calçadas ligeiramente sinuosas confirmavam que o momento era verdadeiro, um momento que seria a demonstração de que a realidade da vida podia apresentar tonalidades de paz, euforia e encanto. Era o início de um tempo que viria a ser surpreendente. Em doses pacíficas e gradativas. Ainda um pouco e seria possível rever as amoreiras florirem, os granitos espelharem o brilho do sol. Seria possível desfrutar as imagens elevadas do mar, das ondas que arrebentariam em praias serenas e da espuma que carregaria consigo eventos imemoriais. Seria possível ouvir as antigas e as novas canções, agora revestidas de arranjos intensos, teclados e sop

DIÁLOGOS, CAFÉ E AFETO

    - Olá! - Olá! - Estou preocupado com o seu dente. Pelo que me contou percebi que estava incomodando bastante, tirando seu bom humor e fazendo você se sentir aborrecida e desmotivada. Na realidade, com esta síntese ele desejava que suas palavras fossem entendidas de um modo bem mais amplo, abrangendo tantos outros aspectos a respeito dos quais não estava acostumado a se referir. Afinal, muitas vezes, assim ele pensava, é possível que as pessoas em suas relações assumam, implicitamente, impressões de que determinados limites não devem ser excedidos. Ela se questionava a respeito das razões que o levavam a insistir com perguntas muito parecidas. Os cuidados dele seriam mesmo tão profundos como algumas vezes havia manifestado, não somente com palavras, mas com gestos, atitudes e providências? Ele não estaria percebendo que suas dores ultrapassavam as fronteiras físicas e estavam alcançando de modo intenso suas emoções e suas expectativas? No entanto, ele seguia com suas con

ASSIM É A VIDA

  Imagens fixadas em fotografias são sempre subjetivas. Exercitam a capacidade de fazer parar o tempo, registrando instantes únicos, trazendo em sua essência sínteses de histórias – já vividas ou por viver. Fotografias, muitas vezes, são registros de uma não presença, de um vazio que se instalou depois de partidas de todos os tipos ou de chegadas inesperadas a lugares incomuns. Fotografias são as veladas afirmações de que a vida sempre nos conduz ao confronto de nossos limites. Superá-los ou não é algo circunstancial, o essencial é não abdicar dos confrontos, sem os quais não veremos expandidas as nossas fronteiras pessoais. Alguém já teria dito que, para cada coisa que adicionamos ao nosso trajeto, é preciso renunciarmos a algo, que ficará disperso por onde construímos nossos caminhos. Será nestas horas que, resignados, teremos mais clara a intensidade de nossa determinação. Prosseguir ou retornar são alternativas excludentes: é possível apenas escolher uma delas. E... renúnci