Imagens fixadas em fotografias são sempre subjetivas.
Exercitam a capacidade de fazer parar o tempo, registrando instantes únicos,
trazendo em sua essência sínteses de histórias – já vividas ou por viver.
Fotografias, muitas vezes, são registros de uma
não presença, de um vazio que se instalou depois de partidas de todos os tipos
ou de chegadas inesperadas a lugares incomuns.
Fotografias são as veladas afirmações de que a
vida sempre nos conduz ao confronto de nossos limites. Superá-los ou não é algo
circunstancial, o essencial é não abdicar dos confrontos, sem os quais não
veremos expandidas as nossas fronteiras pessoais.
Alguém já teria dito que, para cada coisa que
adicionamos ao nosso trajeto, é preciso renunciarmos a algo, que ficará disperso
por onde construímos nossos caminhos. Será nestas horas que, resignados, teremos
mais clara a intensidade de nossa determinação.
Prosseguir ou retornar são alternativas excludentes:
é possível apenas escolher uma delas. E... renúncias são inevitáveis.
Como transcrever em imagens estes momentos? Fotografias podem sugerir mais que mil palavras.
Mas o sentido dessas palavras não se completaria sem o contexto em que a imagem
terá sido obtida.
Quais teriam sido os passos anteriores ao
momento fixado?
Qual será o próximo destino a buscar?
E, ainda mais, quais teriam sido as razões que
levaram ao instante que a imagem imortalizou? Desejos inconfessáveis?
Impossibilidades a serem superadas em novos horizontes? Incontroláveis impulsos
para a compreensão daquilo que se mantém como intensos enigmas a decifrar?
Inexplicável curiosidade para as novas descobertas em cenários não premeditados?
Obstinação por reviver experiências que se mostraram maravilhosas mas que o
tempo se encarregou de dissolver sem explicações convincentes?
Tantas outras possibilidades parecem ganhar
espaço no universo das suposições. Por isso o misterioso encanto das imagens em
que o contexto não se revela.
Como seria a face da mulher que percorre as
sinuosas escadas da imagem?
Qual seria a cor de seus olhos ou a extensão de
seu sorriso? Qual seria seu sonho mais acalentado, sua esperança mais aguardada?
Haveria lágrimas em seu olhar? Havendo ...
seriam de uma inesperada alegria ou da saudade mais intensa?
Ah... essas perguntas – e muitas outras – poderão permanecer definitivamente sem resposta.
São assim os momentos que fixamos com
todo o carinho nas imagens preservadas em nossos corações e nossas mentes.
Assim somos nós.
Assim é a vida.
Verdade, meu amigo! Eu tenho esta mesma, ou parecida, impressão, curiosidade, quando estou diante de uma comunidade reunida. Olho para todas as pessoas, quando possível, vejo os olhos, as faces, mas fica a pergunta: quais são os sentimentos destas pessoas? Quantas dores e alegrias estão por detrás de cada uma delas?! São perguntas que, tantas vezes, se perdem nos labirintos do pensamento. Assim, de fato, é a vida!! Tens razão!! Abraço.
ResponderExcluirExiste um universo por trás de cada pessoa, pode-se dizer até de cada ser vivo . Por mais que tentemos, não conseguimos vislumbrar o que se passa no íntimo de cada um
ResponderExcluirMestre.
ResponderExcluirComo sempre, texto maravilhoso.
Parabéns.
Grande abraço.
Ilustríssimo prof. Rocco.
ResponderExcluirDifícil esse tema se pensarmos os caminhos aos quais percorremos. Sempre fica aquela pergunta "E SE" percorrêssemos outros caminhos, onde estaríamos?, quais pessoas estariam a nossa volta. Difícil, só ficam aquelas fotos como comprovação que um dia estivemos juntos. A vida é como uma caixa de bombom, vc nunca sabe o que vai encontrar..rss.. Forte abço!