Nossos encontros com o espelho nunca se repetem. O dinamismo da vida nos reconstrói a cada instante, compondo nossas metamorfoses, mais rápida ou mais lentamente. Somos um pouco diferentes a cada dia.
Por isso, várias vezes diante dos espelhos ainda nos surpreendemos com nossos rostos, únicos e inconfundíveis, em meio a tantos que fazem parte de nossas histórias.
Nossos rostos trazem as marcas de experiências e expectativas, de sorrisos e lágrimas. De encontros e não encontros que sinalizaram nossos caminhos. De presenças e não presenças que abriram portas para construirmos nossas alternativas as quais, no cenário de nossos desejos, viabilizaram nossas escolhas.
Nossos rostos, sinais de nossas vidas, apenas são visíveis para nós em espelhos. Talvez seja um paradoxo: expressamos sentimentos de tantas maneiras, mas apenas nos enxergamos por meio de reflexos.
Creio ser este um dos motivos pelos quais precisamos de outros rostos, essenciais para experimentarmos as sensações de plenitude em todas as nossas dimensões. Rostos feitos da beleza que preferimos, beleza que nos remete a diversas perspectivas de felicidade.
Há casos em que os rostos que entendemos perfeitos também são visíveis apenas por reflexos e imagens. Embora contenham limitações, estas possibilidades guardam o potencial de manter vivas as marcas de paz e esperança, as quais podemos reencontrar sempre que estivermos diante de nossas próprias imagens.
As
marcas de paz e esperança sem as quais nossos rostos não seriam únicos e
inconfundíveis. Sem as quais nossas vidas não teriam histórias. Sem as quais
seríamos apenas retratos de ausência e solidão.
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