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DESTINOS - Chico



Cada um de nós tem suas leituras preferidas. Costumamos recorrer a elas em função das variações do humor e de outras circunstâncias que nem sempre somos capazes de controlar.
Em muitas situações revisito Fernando Pessoa e seus heterônimos. E me arrisco nas tentativas de passar para a prosa as ideias que consigo conceber a partir dos versos deste incomparável poeta.
A aventura de hoje se baseia no poema de Ricardo Reis:

SEGUE TEU DESTINO
Sigamos nossos destinos, reguemos nossas plantas, amemos nossas flores. O que ultrapassa esta simplicidade é sombra hostil e alheia.
 Somos apenas iguais a nós mesmos; inútil é tentar a imitação de outras histórias e outros trajetos. A consistência da vida reside no esquecer as lágrimas sobre os altares do passado. E no admitir que toda interrogação encontra sua resposta apenas na instância de nosso próprio entendimento.
A vida é parcimoniosa em seus sinais e pouco oferece além de raras e enigmáticas sugestões. As reflexões supremas são audíveis apenas aos que abandonam a oratória e se livram de sua altivez.
Desvestidos de qualquer presunção de divindade, assim viveremos unicamente o presente. Com nossas plantas, nossas flores e nossos destinos.


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