O que aprendi com meu pai
Num dia desses vi num letreiro (comum a quem circula pelo metrô
paulistano) uma propaganda que prometia ser o melhor presente para nossos
progenitores. Um livro intitulado: O
que aprendi com meu pai.
Sei lá, era um momento propício e comecei a pensar sobre o que
tinha aprendido, ou não, com meu pai. A princípio foi difícil imaginar como eu
poderia ter sido melhor se tivesse aprendido mais...
Eu não aprendi a calcular coberturas nem a fazer uma ponte parar
em pé sustentada apenas por fios. Não sei absolutamente nada sobre a
resistência dos materiais...
Infelizmente não aprendi a tocar piano, nem violão;
Não aprendi a compor melodias, escrever versos, rimas, contos. E
os artigos científicos? Acho que nem se tivesse outra vida!
Não aprendi a acordar cedo (e de bom humor), não aprendi sobre os
selos e artigos filatélicos;
Digamos que tenha tido certa sorte por não ter aprendido “a arte”
de comer fandangos e biscoitos de forma empolgada e barulhenta.
Apesar desses não aprendizados ainda me causarem certo incômodo,
se essa é uma boa palavra, aprendi com meu pai:
o que já foi é
passado.
Ocorreu-me que sou aquilo que aprendi e não o contrário.
Foi com meu pai que aprendi a fazer e a empinar pipas;
Aprendi a ouvir Jobim, Chico, Gil e Elis; a ler Vinícius e Drummond;
Aprendi a colher amoras e a preparar deliciosos sucos com elas;
Aprendi a fazer bolachinhas de nata;
Aprendi a soltar barquinhos nas enxurradas;
Aprendi a contar e a ouvir histórias de bicho e de gente;
Foi meu pai quem me ensinou que não existe, na face da terra, amor
maior que o de pai e mãe: demorei quase 30 anos para aprender essa lição.
Aprendi!
Aprendi que pelos filhos fazemos o que for preciso, ainda que eles
tenham mais de 30 anos (e acreditem que já sabem andar sozinhos);
Aprendi que ações e exemplos ensinam mais que palavras;
Aprendi que princípios não se perdem;
Aprendi que Aquele lá de cima, apesar de todos os meus erros, me
ama e me perdoa;
Aprendi que a honestidade começa com pequenas atitudes e a
simplicidade é uma virtude;
Aprendi a importância da presença;
Aprendi que apesar das semelhanças somos seres únicos e que não
cabem as comparações;
Aprendi o valor de uma palavra e de uma risada;
Aprendi que os homens inteligentes choram mais que os tolos.
Foram tantas as lições que ficaria aqui por páginas e páginas
enumerando-as.
E depois dessa breve reflexão percebi que ter aprendido a contar
histórias foi, para mim, muitíssimo mais importante que conhecer cálculos e
entender dos testes de tração, compressão e flexão.
que se chamava macaco Simão...
Que beleza Maria Cristina.....parabéns Rocco....aprender para ensinar ou ensinar para aprender....sei lá qual a seqüência correta....mas sei de uma coisa....ambas são dádivas Divinas...
ResponderExcluirNa vida se aprende e se ensina... que linda esta homenagem... parabéns... abraços apertados
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