Não sei se existe algum cenário que me encante
mais que a imagem de algumas pequenas cidades interioranas, do Brasil ou de qualquer outra parte do mundo. Suas ruas poucas, arrumadas como recomenda a cultura local, serpenteiam pelos atalhos rumo às montanhas próximas
ou se misturam às planícies ao redor.
Pequenas cidades que abrigam pessoas simples e prudentes,
altivas e nostálgicas, pessoas que aparentam guardar em si mesmas todos os segredos
do mundo, decifrados por uma experiência - em maior ou menor intensidade - de
sofrimento, escassez e conquista.
Pessoas que sublimaram as partidas dos amigos e
das amantes, e precisam acalentar a si mesmos na solidão de semanas, meses e anos, nas pequenas
cidades com suas casas sequenciais, cúmplices do tempo, casas que se fazem abrigo
e lenda.
Numa atmosfera de permanência, muitos talvez se
envaideçam com sua sabedoria e sua determinação, outros parecem querer
perpetuar a felicidade não adjetivável que imaginam acompanhá-los desde a
infância e a adolescência.
Para aqueles que se fazem observadores, como é o
meu caso, não adiantaria pretender vivenciar o cenário projetado. O encanto
está na magia e no mistério do ser cenário. Visitantes eventuais não fazem
parte da trama, podem apenas presumir. Nada mais.
Cada um cumpre seu papel na realidade de seu próprio espaço: nele é preciso descobrir o encanto da vida. Porém, isto é algo
que nem todos conseguem. Então, com certa frequência, alguns costumam chegar
às lágrimas, como forma visível de resignação.
Comentários
Postar um comentário