A
vida de um docente universitário é muito movimentada e, por isso mesmo, permite
uma série de experiências gratificantes. Entre elas os numerosos diálogos com
os alunos: trocas de ideias enriquecedoras e, muitas vezes, bem-humoradas.
Um dia desses, conversando com um pós-graduando, uma proposta foi
lançada: quais os episódios inusitados que marcaram nossas vidas e seriam, por
esta razão, os mais indicados para contarmos para os nossos netos?
Como sempre, provoquei o interlocutor com algumas
perguntas:
- você já foi reprovado em alguma disciplina em sua graduação?
- você já deixou de ir a alguma aula para simplesmente ficar numa
roda de amigos rememorando coisas e "causos"?
- você já amanheceu na rua, meio embriagado, depois de fazer
serenata para as namoradas dos próprios seresteiros?
- você já foi a algum baile (ou balada...), com uma amiga muito querida, imaginando que ela fosse
reatar um antigo namoro (com um amigo seu) e saiu do baile namorando esta amiga?
A todas as questões levantadas, somente uma resposta:
- Não!
Imediatamente me manifestei:
- É ... você não vai ter muito pra contar aos seus netos!
Rimos com a situação e cada um continuou suas atividades.
Mas... sozinho em minha sala, refiz a mim mesmo as perguntas
inicialmente dirigidas ao pós-graduando. Para minha alegria, observei que tenho
muitas coisas para contar para meu neto João Rafael, apesar da recorrente preocupação da filha Maria Cristina com relação a este assunto.
Continuei elencando outros fatos curiosos (cuidando para deixar de
lado aqueles que não deverei relatar ao João). Outros eventos pouco usuais me
vieram à lembrança.
- aquela vez, numa pequena cidade alemã, em que um morador parecia
estar me pedindo informações sobre a localização de um edifício e, diante
da minha incompetência no idioma, saiu gesticulando e esbravejando (algumas
palavras - incluindo diversos xingamentos - eu entendo);
- aquela outra vez em que eu comentei a respeito da provável
noitada vivenciada pela nova funcionária (que chegou ao trabalho atrasada e com
profundas olheiras) e ela, emocionada, me informou que havia acabado de assistir à
missa de primeiro mês de falecimento de seu pai;
- aquela outra em que um amigo de seresta, ao me encontrar ao lado
de uma linda mulher, perguntou-lhe sorrindo: "Gostou da serenata?" e e serenata
não havia sido para ela...
Bom, quanto a outras situações, mais recentes, creio que poderei contar para o João somente quando ele estiver com uns vinte e cinco, trinta anos de idade. Sei que nesta fase terá condições de entender algumas passagens encantadoras da
vida.
E, certamente, estas passagens estarão entre as coisas que João Rafael contará para os netos ... dele!
muito bom professsor Francisco Rocco gostei muito abraço Rodrigues!!!!!!!
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