- Chico,
nós vamos criar um blog!
Naquela manhã, Maria Cristina estava
particularmente entusiasmada e seu incentivo soou como uma determinação.
Acontece que é maravilhoso ver minhas filhas com este espírito motivado e, por
mais que a razão quisesse me contrariar, acabei concordando com a
ideia.
Em poucos minutos já estavam
escolhidos por ela: o formato, a periodicidade para a inserção dos novos ‘posts’,
o tom das histórias e dos demais textos, os meios para a divulgação.
O nome veio em seguida e este foi
objeto de minha proposta: eu trabalhava no projeto de um novo livro de poemas
(neste momento quase finalizado) cujo título é “Doses”. Cada poema, composto
por doze versos, se constitui numa dose. Em poucos minutos as fotos foram selecionadas para a ilustração e o primeiro poema foi para o ar.
Claro que faltava um aspecto
fundamental: estabelecer a parcela de contribuição de cada um dos “blogueiros”.
Feita esta pergunta, Maria Cristina
não hesitou:
- Chico,
você tem um bom estoque e vai inserindo seus textos. Quando for possível eu
entro com minhas colaborações.
Neste instante percebi com clareza a
dimensão do desafio que minha filha estava “propondo”. Mas, àquela altura, não
havia como recuar.
Nas horas seguintes, fui consultar o
estoque referido por ela. Encontrei poemas finalizados, textos ainda em
desenvolvimento, diversos esboços e mergulhei nesta fração de meu universo como
quem faz um retrospecto da vida e se prepara para uma jornada diferente de
todas as outras que já havia trilhado.
Um dos esboços me chamou à atenção:
Aos poetas não
se consentem o tédio,
O silêncio, o
trajeto curto, a fadiga;
Deles são
exigidos todos os voos,
Deles se
esperam todas as luzes.
Sempre confiei na capacidade literária de minha filha. Também conheço muito bem sua voluntariedade e o brilho que ela distribui em tudo aquilo que se dispõe a realizar.
Mas...questionei minha veia poética. Avaliei que, aos sessenta e um anos de idade, talvez já fosse hora de me dedicar a momentos de tédio, a trajetos mais curtos e mais serenos.
Também
me perguntei a respeito da disposição física para os voos que poderiam ser
exigidos – em particular por mim mesmo – e tentei localizar minhas luzes
interiores.
Ainda
tentando me encontrar no novo cenário com o qual havia concordado em me
envolver, todas as minhas dúvidas se dissolveram quando, no início da noite
daquele dia, Maria Cristina veio ao meu lado com os olhos brilhando – sinal de
plena alegria – e, sem pronunciar qualquer palavra, me deu um inesquecível
abraço.
Cem
dias depois, quero brindar com ela este momento
especial. E dividi-lo com vocês que, todos os dias, nos visitam e nos leem.
Há
coisas que apenas o coração de uma filha é capaz de imaginar. E há coisas que
apenas o coração de um pai é capaz de compreender.
Lindo texto prof. Rocco. Parabéns pelo blog e pelo centésimo post.
ResponderExcluirLindo demais Chico, fiquei emocionada!! Parabéns, vocês são maravilhosos!!
ResponderExcluirExcelente... parabéns pelo blog, gostei muito!!
ResponderExcluirGrande Chico. Parabéns pela iniciativa. Na vida temos que sonhar. Iris
ResponderExcluirChico. Depois do nosso "reencontro virtual", saiba que terá um leitor-amigo sempre aguardando a "dose" do dia....Continuem firmes....Parabéns...Abraços
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