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HOUVE UMA VEZ UM VERÃO - Chico


Cinema é algo fascinante, com seus filmes plenos de aspectos que surpreendem, emocionam e possibilitam diferentes viagens. Tocam nos sentimentos por meio das imagens desfilando diante dos olhos e estes se deixam possuir pela sensação de poder, disponibilizada nas fantasias que brotam das telas e invadem os demais sentidos.
Às vezes algo soa curioso. Como os títulos de algumas obras e suas traduções: Summer of '42, por exemplo, resultou em Houve uma vez um verão. Mas, neste caso, o título se harmonizou com a trama, numa expressão da singeleza e da sensibilidade.
O estar adolescente em meio às agruras da Segunda Guerra Mundial não foi uma situação confortável. Ainda mais quando amigos e amigas sabiam muito de ansiedade e inconsequência, porém pouco sobre sensatez e ternura. Aliás, parece ter sido sempre assim.
Ilhas, noites e férias convidam, seduzem. Os anos verdes concedem a permissão de conjeturar a respeito das mulheres mais experientes, mais sábias. Por isso, mais lindas e mais desejadas.
As projeções são inevitáveis e viabilizam histórias que serão rememoradas por toda a existência. No instante de iniciação para o jovem e de permissão para a mulher circunstancialmente sozinha, aprendeu-se mais do que durante os períodos de descompromisso anteriores e posteriores.
Naquele verão, ocorreu o princípio do entendimento, em especial da finitude humana. Percebeu-se que, para cada coisa que se assimila e se incorpora ao espaço da vida, outra precisa ser abandonada em algum lugar do tempo. O provável nunca mais voltar a ver significou um pedaço de morte. Todos morremos um pouco, a cada dia: o passo sem retorno, a palavra que se calou, o beijo adiado, a perplexidade diante do que se faz cotidianamente passado.
Haverá a inevitável lembrança da mulher que se idealizou e, uma vez encontrada numa situação perfeita, ficou perdida em impossibilidades definitivas. Aquela que, mesmo tendo sido a síntese real de um momento mágico, se transformou em permanente enigma para o coração e a mente.
E seguimos. Certamente recordaremos, com muita frequência, que também em nossas vidas terá havido, uma vez, um verão.



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