De um lado se encontram aqueles que vivem inquietos, se multiplicam em chegadas e partidas, deixando a impressão de estar apenas de passagem por onde quer que transitem em sua caminhada.
De outro, há os que transparecem permanente serenidade.
Mesmo sabendo que a vida não se submete a regras ou imposições, ainda é possível esperar que seja alcançado o equilíbrio na convivência entre os
dois lados. Talvez a isto se possa dar o nome de paz.
PASSAGEM E PERMANÊNCIA
Há sinais de inquietude por toda parte,
Nos ritos das chegadas e das partidas,
Nas portas das casas, nas ruas, nas praças
E nos teatros de qualquer espécie.
Tantos passam, sabendo ou sem saber,
Pelos ritos, pelas portas, pelas ruas:
Os tortos, os sumidos, os antigos,
Os moços, os menos moços, os entediados,
Os enrubescidos, os agoniados, os nus,
Os de sempre, os que se envolvem,
Os que vão, os que voltam, os vestidos,
Os tolos e os que se fazem de tolos,
Os ladrões, os justos, os estarrecidos,
Os que nada veem, os que julgam,
Os que esperam, os que pensam ser felizes.
Tantos passam. Quanto aos que permanecem
Estes são mais raros, mais ponderados, mais sutis:
Seu silêncio pode até torná-los imperceptíveis
Mas a vida não é possível sem a sua presença.
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