Nossos olhos: as janelas pelas quais enxergamos o mundo que nos envolve, seus cômodos, seus móveis, seus caminhos.
Debruçados sobre elas, desejamos ardentemente expurgar angústias e tormentos; imaginar apegos e prazeres possíveis; depurar intenções e construir a verdade que vai nos conduzir pela vida.
Alguns realizam esse desejo. Outros não.
IMPOTÊNCIA
A mulher debruçada como se ainda
Quisesse outro apego, sem partir.
Na sala, às nove da noite,
A mulher atormentada como se ainda
Sonhasse outro tédio, sem fugir.
Na cama, às duas da madrugada,
A mulher sufocada como se ainda
Cismasse outro prazer, sem fingir.
Na rua, às dez da manhã,
A mulher angustiada como se ainda
Pudesse outra vida, sem mentir.
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